Sabe aqueles livros que mexem com você? Esse é um daqueles que te tiram do eixo! Já começo com essa citação:
Perfeccionismo é um escudo de 20 toneladas que carregamos conosco, achando que ele nos protegerá, quando, de fato, é aquilo que realmente nos impede de sermos vistos.”
Só por desmistificar o perfeccionismo, A Coragem de ser imperfeito já estaria na minha lista de livros prediletos, mas ele é muito mais do que isso.
Eu descobri o livro no stories de uma amiga, guardei o nome e coloquei na minha lista de desejos. Um mês depois estava à toa no aeroporto e decidi comprar o e-book para ler no avião.
Tirando o fato que eu parecia um charafiz chorando horrores enquanto lia no avião, não poderia ter feito coisa melhor. Se você se emociona fácil, compra o livro com uma caixa de lenços de papel.
E o motivo de eu chorar tanto é que me identificava em várias daquelas páginas. Entre outras coisas, Brené Brown explica que temos sempre a impressão de que não somos bons o suficiente. E que combatemos isso, agradando todo mundo, atuando, tentando ser quem nós achamos que deveríamos ser.
Além disso, costumamos falar apenas o que as pessoas querem ouvir. Dizemos sim o tempo todo, quando queremos dizer não. E isso nos deixa exaustos.
Você não é o que produz
Outro trecho do livro bem legal é a parte em que ela explica que compartilhar alguma coisa que você criou é uma parte vulnerável, mas essencial de uma vida comprometida e plena.
Ela conta que isso é viver com ousadia, “mas dependendo da maneira como a pessoa foi criada ou de como se relaciona com o mundo, ela, consciente ou inconsciente, atrela sua autoestima à maneira como seu produto ou obra é recebido pelos outros”.
Desse jeito, se os outros gostam do que ela produz, a pessoa acha que tem valor; se não gostam, ela não tem valor. Isso é tão eu!!!
Com isso, duas coisas podem acontecer. “Uma vez que você descobre que sua autoestima está ligada ao que você produz ou cria, é pouco provável que vá mostrar o que fez, e, se mostrar, antes irá retirar uma camada ou mais do melhor de sua criatividade ou inovação afim de tornar a receptividade menos arriscada”.
A outra possibilidade é que se você mostra o seu trabalho sem limitar o seu lado mais criativo e a receptividade não é das melhores, você fica arrasado. “Você se fecha. A vergonha lhe diz que você não é talentoso o bastante e que já deveria saber disso”.
Acho que essa foi uma das partes que mais me identifiquei. Eu vivo pensando o que os outros vão falar das coisas que faço, produzo e invento. É um peso enorme e que me deixa paralisada algumas vezes.
Depois de ler o livro, tenho me arriscado mais e essa mudança tem me enchido de energia. Um exemplo foi um post que tinha escrito pro Linkedin contando uma experiência pessoal que tive e como isso se aplicava ao mundo dos negócios.
Assim que ficou pronto, só de imaginar alguma crítica, fiquei com vergonha e pensei em guardar. Só que lembrei do livro, coloquei minha vergonha de lado e publiquei. Foi umas das publicações com mais envolvimento, ultrapassando 800 curtidas, o que é um número alto pro Linkedin. Depois fiquei pensando nas inúmeras vezes que fiquei me podando, cortando meu melhor por conta do medo.
Lidar com a vergonha
É claro que se arriscando mais, a chance de você passar por situações desconfortáveis aumenta. Mas para isso ela tem uma solução. São elementos para aumentar sua resiliência à vergonha.
São coisas como não nos esconder, mas compartilhar nossas experiências com alguém que tenha conquistado o direito de ouvi-las. Tem que ser alguém que goste de nós, não apesar das nossas vulnerabilidades, mas por causa delas.
Ela também orienta a conversar consigo mesmo da maneira que faria com alguém que você amasse e estivesse tentando encorajar no meio de um desastre: “Está tudo bem. Você é humano todos nós cometemos erros. Eu o apoio”. Geralmente, durante uma crise de vergonha falamos conosco de uma maneira que nunca falaríamos com as pessoas que amamos e respeitamos.
A terceira é assumir o que aconteceu. Não enterre o episódio nem deixe que ele o defina. Costumo dizer isso em voz alta: ”se você assumir a sua história, conseguirá escrever o final dela”
Quando enterramos a história nos tornamos pra sempre uma vitima dela. Se a assumirmos, conseguiremos narrar o seu final. Como disse Carl Gustav Jung: “eu não sou o que me acontece. Eu sou o que escolho me tornar.”
Vergonha e gênero
Brené ainda explica como a vergonha atua de forma diferente em homens e mulheres. Neles, o medo é de não ser forte, eficiente, bem-sucedido em tudo que fazem. Serem tachados como fracos e fracassados é um tormento.
Para nós mulheres, existe um amplificador. Além de tentarmos sermos inteligente, lindas, bem-humoradas, “é que todos esperam que nós sejamos perfeitas, e não nos é permitido nem sequer parecer que estamos trabalhando para isso”. Deus nos ajude!
Outra coisa que amo é que ele fala sobre o valor terapêutico da escrita. Eu tenho diário desde que me entendo por gente e tenho certeza que isso contribuiu para que eu não enlouquecesse.
Vale lembrar que a Coragem de ser imperfeito foi escrito por uma pesquisadora que eu amo! Brenè Brown foi a palestrante de um dos TED Talks mais vistos do YoutTube, onde ela fala sobre o poder da vulnerabilidade. Se você não assistiu, veja aqui:
Se identificou com tudo isso? Se sim, então faça um favor a você, leia esse livro e se proponha a ter uma vida mais vulnerável. Dá medo, mas é divertidíssimo viver assim.
3 comentários
Excelente seu comentário sobre o livro A coragem de ser imperfeito, me sinto motivado a ler o mesmo. Deus muito lhe abençoe Babilins por ser um instrumento na vida de outras pessoas. Grato.
Luis, seu maravilhoso! Muito obrigada por palavras tão lindas. De coração.
Querida, mais uma dica incrível de livro (já o quero) e de Ted Talk (já o verei)! Quanto aos livros, terei que acelerar os que tenho em casa, para – ainda nessa encarnação – conseguir ler todas as suas mais-que-magníficas indicações também! Obrigaduuuuu! *vergonha; sou eu todinha