Viajar é uma das melhores oportunidades para quem gosta de aprender alguma habilidade nova. Sempre que posso arranjo um curso, nem que seja de um dia, para aprender algo típico do lugar onde estou. Foi assim com a culinária do Marrocos, quando pedi para acompanhar uma chef na cozinha dela; Yoga em Paraty, com aulas na beira da praia; montaria na Argentina, numa fazenda no interior do País e, mais recentemente, o surf.
Apesar de ter nascido bem longe do mar, surfar sempre me fascinou. Tanto pelo exercício em si, quanto pela cultura do surf. Há dois anos, quando minha vida deu uma reviravolta e comecei a fazer o que eu realmente queria, uma das primeiras coisas que veio na minha cabeça foi: vai aprender a surfar.
Foi uma das melhores coisas que fiz na vida! É um exercício físico fantástico, serve como meditação, é divertido e ainda garante um bronzeado! Tive duas experiências. Uma em Maresias, São Paulo, e outra na praia de Guaibim em Valença, na Bahia. Pesquisei bastante sobre as melhores escolas e os melhores pontos de surf do Brasil. Quase todos garantem que você consegue ficar em pé no primeiro dia de aula ou tem seu dinheiro de volta.
Tanta confiança se justifica. Antes de entrar na água sempre tem um aquecimento e um treinamento para gente saber o que deve fazer dentro do mar. Na areia mesmo, geralmente simulamos algumas remadas, em seguidas aprendemos a posicionar as mãos ao lado do peito, ajeitar o pé de apoio, subir e fazer aquela posição típica de surfista. Dependendo do professor, repetimos isso na areia umas dez vezes.
Haja caldo!
Daí vem a hora de ir pro mar. As primeiras aulas são em pranchas bem grandinhas, as longboards. Elas são muito estáveis e o professor te coloca na onda, ou seja, você não precisa dar mil braçadas que nem um condenado para achar o tempo da onda. Ele fica ao seu lado e quando uma onda boa vem, ele te empurra nela e avisa pra você saber a hora de subir na prancha.
Uma vez lá em cima, é muito equilíbrio e consciência. O professor dá vários toques. Pisa mais pra frente, abre as pernas, rema mais forte, desce o corpo! A sensação quando você consegue subir e se manter estável até a onda acabar é maravilhosa.
Conforme as aulas vão avançado, você já sente mais a onda, já aprende a virar um pouco a prancha para acompanhar ela caindo, depois remar sozinho, entrar sozinho na onda, até o dia que ganha confiança para andar na pranchar e fazer manobras. As pranchas também vão mudando. Geralmente começa com long, depois fun e, em seguida, short.
Se você tem medo de cair e se machucar, não se preocupe. Isso vai acontecer. Até chegar no ponto de ficar certinho lá sozinho, você vai cair horrores, vai tomar mil caldos, vai escorregar quando estiver lá em cima, nem vai subir, vai levar prancha na canela, na barriga, na cabeça. Ah! Vai ficar queimado de sol e dores musculares também. Mas tá tudo certo, faz parte, e rende ótimas fotos e gargalhadas! Depois que passa, claro. Uma vez o leash, aquela cordinha que nos une à prancha, enrolou no meu pescoço debaixo d’agua. Só demorou um segundo até a onda passar e eu puxar a corda. Mas eita segundinho grande!
Nas duas ocasiões, eu peguei só uma semana de aula. Foi o suficiente para eu aprender a ficar em pé, arriscar girar a prancha e entrar sozinha na onda. O preço das aulas varia muito, e pode sair até de graça. Já pesquisei hostel que tem aula inclusa. Tem que pesquisar demais custo-benefício.
Cada professor tem uma didática. Meu segundo professor também curtia muito essa ligação com a natureza, então me ensinou a “ler” o mar e o tempo, o que pra mim não teve dinheiro no mundo que pagasse. Me mostrou o que era um canal, a observar os ciclos de ondas, a ver pra onde o vento tava soprando. Já o terceiro me deu dicas bem práticas, como colocar bem o pé de apoio e o que acontecia conforme eu fosse me posicionando de forma diferente na prancha.
Tem também muito charlatão nesse ramo. O primeiro professor que eu encontrei foi horrível. O cara não tinha didática nenhuma, só porque tinha ganhado alguns campeonatos de surf estaduais achava que estava pronto para dar aula. Paguei a primeira aula, agradeci, dispensei e fiz o que recomendo fortemente que quem tem interesse em aprender faça também: pegue referências. É algo básico. Procure com diferentes pessoas locais recomendações. Só internet não vale. Veja se ele tem escolinha, se os moradores conhecem, se algum amigo já fez.
Aqui reuni alguns lugares que eu mesma já testei ou que amigos me recomendaram. Se tiver mais dicas ou dúvidas, avise! De qualquer forma, se você leu esse post até o fim, se tem um bichinho te incomodando pedindo água salgada, se curte um esporte na praia ou se simplesmente quer experimentar algo novo, não hesite! Se programe para uma experiência maravilhosa de superação, equilíbrio e contato com a natureza sem igual!
Serviço:
Maresias – São Paulo
Terra do campeão do surf, Gabriel Medina, Maresias tem belas praias e várias escolinhas. Dá pra combinar aula pela manhã com passeios para explorar a região no restante do dia.
Lá eu peguei aula com o Alex Leco, ele é personal e instrutor do Instituto Medina. Contato: 12 99700-3343.
Guaibim, Valença – Bahia
Se você quer fugir das festas e conciliar aula de surf com tempo para descansar, Guaibim é seu destino! Com praias desertas até em alta temporada, esta cidadezinha há duas horas e meia de salvador foi meu refúgio no fim de ano.
A escolinha Guimarães é a mais tradicional de lá. Peguei aulas com o Eric, que surfa desde os doze anos por lá. Contato: 75 8870-8790
Barra – Rio de Janeiro
Pra conciliar festas, aventuras, atrações culturais e naturais não tem cidade melhor do que o Rio de Janeiro. A cidade tem várias opções de hospedagem e sempre uma boa promoção de passagem aérea de vários locais do Brasil. Boa opção pra quem quer praticidade e economia.
O Fabricio Marques, meu amigo que pratica mil e um esportes, já testou a escolinha Cyclone que fica na Barra. O professor dele foi o Márcio Freitas. Contato: 21 7830-9709
Itacaré – Bahia
Se o que você quer é não pensar em nada e já sair da sua cidade com pacote completo, esta é sua melhor opção. As escolinhas de Itacaré geralmente oferecem pacotes fechados com hospedagem, transfer, aulas e até umas festinhas entre um drop e outro.
A indicação da Polyana Resende, amiga super viajda que sempre está em busca de aventuras, é a Easy Drop. Tem até aula de ioga e massagem por lá. Contato: 73 3251-3065
Florianópolis – Santa Catarina
O que não falta na cidade são grupos de surfistas que estão abertos para iniciantes. Esta cidade é ótima para quem já tem prancha, mas está começando. Grupo só de mulheres são bem fortes por lá.
A Babi Aquino, minha amiga de escalada e surfista por natureza, é de lá e me indicou o “elas também dropam”. Mas existem outras só pra elas. O mais tradicional é o Floripa Surf Girls, que tem como missão construir a autoconfiança nas mulheres por meio do esporte. Elas dão dicas para quem está começando. Contato: 48 9136-7447
Em Floripa, outra recomendação dela é a escolinha Campeche Surf School. Contato:48 9680-6449

Surfe - Brasil
Edição: Aerton Guimarães
Fotos: Leandro Discaciate