Quase todo mundo acha que a Chapada dos Veadeiros se resume às atrações nas redondezas de Alto Paraíso e São Jorge, mas a região tem outros mil passeios que são de cair o queixo. Este aqui descobri com a dica de um amigo, o Anderson Paz, que também curte demais os atrativos do nosso cerradão.
O nome desse oásis no meio do nosso bioma é Bocaina de Farias, que fica na cidade de São João da Aliança. Para aproveitar o fim de semana, saímos do Plano Piloto cedinho, às 6h da manhã. Dirigimos 150 km até São João, são cerca de 1 hora e 45 minutos de viagem, passando por Sobradinho, Planaltina e São Gabriel de Goiás.
Para fazer o passeio é preciso um guia. Pegamos o mais experiente, que foi quem abriu as trilhas por lá, o Seu Geraldo. Ele cobrou 150 reais para um grupo de 4 pessoas. Tem mais 20 reais de taxa para a entrada. A gente combinou tudo por WhatsApp (62) 99669-4729.
Nos encontramos com ele e outro casal de turistas, a Suély e o Álvaro, às 8h da manhã e pegamos novamente a estrada. Aqui é a hora de não ter apego ao carro! São 25 km de asfalto e mais uns 20 km trecho em estrada de terra ruinzinha. É importante ter guia, pois não há sinalização nenhuma e várias bifurcações. O caminho foi aberto há cerca de sete anos e não é muito conhecido nem pelos moradores da cidade.
Chega um ponto em que só carros 4X4 conseguem continuar. Tive que deixar meu amarelinho por lá e seguir a pé. Se você tiver um carro 4X4 vai economizar meia hora de caminhada por uma estrada beeeeeeemmm íngreme. Do ponto onde eu parei até a entrada da Bocaina são cerca de uma hora de caminhada, passando por vários rios.
A trilha é media/pesada, dependendo do seu preparo. O meu primo Daniel não pratica nenhuma atividade física (a não ser que você considere League of Legends esporte) e ele conseguiu. Cansou horrores, mas conseguiu e curtiu demais.
Alguns trechos tem um desfiladeiro do lado e é preciso de segurar nas correntes de ferro que o Seu Geraldo instalou por lá. Nestas horas tem que ter força no braço!
Ainda tem um trecho cheio de rocha e pronto! Chegamos na entrada, que também serve como ponto de apoio para deixarmos nossas coisas enquanto exploramos o local. Neste ponto você já consegue ter noção do que te espera: vimos a porta principal da Bocaina e a cachoeira das sete quedas.
Lanchamos lá curtindo o visual e logo nos preparamos para entrar na Bocaina. Aqui vão algumas dica preciosas! É melhor carregar uma roupa extra porque você vai se molhar lá dentro. Também é legal levar uma galocha! Assim você não precisa voltar a caminhada com os pés encharcados arriscando pegar uma frieira. Aconselho levar meia também, já que que mesmo com a galocha você vai molhar tudo. A meia garante que seu pé não fique sambando e arranhando no plástico. Isso acaba deixando sua pele ferida, o que já aconteceu comigo e não foi legal.
Você também pode levar uma papete também. Aquela sandálias de gringo que fixam no pé, não sendo levadas pela correnteza, e podem ficar molhadas. O importante é proteger seu pé e deixa-lo sequinho para volta!
Por falar em sequinho… Para tirar fotos, recomendo levar uma Go Pro (ou câmera similar à prova dágua), um celular dentro de uma bolsa estanque ou aqueles domes. Não adianta, você vai passar por água e se molhar, então é melhor cuidar do seu equipamento e voltar com fotos bacanas.
Por falar nisso, uma dica que eu queria que tivessem me dado. Lá é escuro! Então pra garantir fotos que prestem, segura bem a máquina. Se tiver tripé leve, carrega com você. As fotos do celular e da Go Pro ficaram tremidas. Estabiliza bem antes de bater uma foto e manda quem tiver aparecendo na foto congelar alguns segundos se quiser uma recordação bacana!
Voltando ao nosso caminho… Assim que a gente entra na Bocaina de Farias é um show de cenário atrás do outro. A ação das águas na rocha transformação o local num corredor de formas sinuosas com diferentes texturas e cores. Só vendo pra crer!
Dependendo da hora do dia, a luz passando pela abertura lá em cima vai deixando as formas ainda mais ricas e exuberantes. Seguimos acompanhando o rio, algumas vezes é preciso passar por dentro dele. O Seu Geraldo vai na frente, vendo se não tem bicho e a profundidade da água.
Depois de uns vinte minutos andando lá dentro chegamos num ponto em que algumas pessoas acabam ficando para trás, por conta da travessia mais perigosa. A partir desse ponto só é possível continuar nadando. O túnel é estreito, só passa um por vez, mas a recompensa vale a pena!
Quando passamos pelo corredor, entramos numa espécie de galeria com uma cachoeira lá dentro. É surreal!!! Como companhia tivemos morcegos e andorinhas. Neste ponto as fotos ficaram bisonhas, peguei uma do Anderson e você consegue ter uma ideia melhor vendo o vídeo.
Alguns minutos debaixo da cachu e voltamos para o ponto de apoio. De lá para mais uma trilha. Pequena, de 10 minutos, mas bem íngreme! Quando a gente termina de descer vem mais um prêmio. Esse poço com água cristalina e deliciosa!
Quem sabe nadar, atravessa mais um paredão e chega num poço ainda maior. Lá tem uma fonte de água quente que é um sucesso. Tem também mais uma cachoeira com uma impressionante queda d’água. Dá para nadar até lá, ir para trás dela e curtir a cortina de água.
Voltando tem mais atrações, passamos por mais uma cachoeira! Ela faz parte das sete quedas, que vimos lá de cima. Nesta não quis nadar não porque tava com preguiça de tirar aquela bota e meia encharcada e botar de novo. Fora essa legging aí que pra entrar quando a gente tá molhada é um sufoco! Mas valeu ter ido naquele ponto!
Terminado o banho é hora de voltar. A volta é mais cansativa, só subida! Aqui fiquei com vontade de ter um 4X4. Meu primo então….
Mas vou te contar, vale a pena cada gota de suor. O lugar é lindo, isolado e surpreendente! Quem quiser ir e voltar do mesmo dia de Brasília, consegue. Um casal que estava com a gente fez isso. Nós decidimos ficar para aproveitar a cidade o que eu recomendo, já que a noite por lá é espetacular. O céu é um escândalo por conta da pouca luz. Fica a dica!
ONDE FICAR
Nós ficamos na Ecopousada do Seu Geraldo, fica lá em São João da Aliança mesmo. Ele tem três chalés numa área do cerrado. Não tem nada de luxo, mas são bem aconchegantes.
O Seu Geraldo trabalha com bioconstrução então tudo lá foi feito por ele. Além dos chalés, tem uma área de convivência bem gostosa com redes e aquelas muretas pra sentar e jogar conversa fora.
Quem cuida da pousada é a mulher dele, a Dona Marlene, que tem uma mão boa pra comida. O pão é ela que faz e o café da manhã é servido ao lado do fogão à lenha. O valor é 130 reais o casal e 65 por pessoa. Contato: (62) 9669-4729.
A cidade tem outros hotéis! Não vá esperando encontrar nada luxuoso por lá. O Atos Hotel fica bem no meio da cidade, na beira da rodovia que corta São João da Aliança. Contato: (61) 99297-3338. Outro é o Hotel Almeida, que possui estacionamento e fica no centro. Contato: (62) 3438-1923.
ONDE COMER
Vou ser bem sincera. Fui comer em Alto Paraíso, há 70 km de São João, porque sou apaixonada pelos restaurantes de lá. O único que lugar que conheci e amei foi a padoca da cidade. Paramos lá para comprar sanduíches naturais, que estavam deliciosos, e pães de queijo para o passeio. Super recomendo o bolinho de queijo frito deles. Se eu pudesse comia uns vintes.
Bem, se tiver qualquer dúvida, crítica ou elogio, deixa um comentário. Se quiser conhecer mais pontos maravilhosos como este aí, clique aqui!
Na nossa página do face, você fica sabendo antes dessas belezuras e preciosidades do nosso cerrado!
12 comentários
Já pode preparar a mochila?! Só aventura!!
E você sabe como ninguém explorar a Chapada dos Veadeiros!!!!!
Prepara a mochila pq vou dar mais dicas pruma próxima vinda!
Que show. Eu nunca tinha ouvido falar. Já estou me preparando para conhecer. Parabéns.
Valeu, Breno!!!! Você vai amar!!! Sua cara desbravar esse mundão!
Há mesmo muitas atrações espetaculares em São João d’Aliança. E o Geraldo Bertelli conhece todas!!!
Quanto a Bocaina do Farias, temos quase certeza que é ela que aparece na abertura da novela global “O outro lado do paraíso”.
Você, Bárbara, tem como checar?
Oi, Júlio! Vi lá. Não teve nenhuma gravação por aquelas bandas. Quanto às outras atrações em São João D’Aliança vou atrás do Geraldo, pq só vi o básico. Obrigada pelas dicas.
Acabo de voltar de lá e realmente é um espetáculo grandioso!
Sua cara!!!
Que lugar lindo! Se for de 4×4 economiza 30 minutos dos 60 minutos de trilha que você pegou, é isso? E referente ao seu texto: “A trilha é media/pesada, dependendo do seu preparo.” Indo de 4×4 e parando mais perto vc categorizaria como? Leve/Média? O trecho da volta mais íngreme é pior no início da volta, ou no final da volta (que no caso se for de 4×4 não pegaria).
Obrigado
Oi, Anton! Exatamente. Se for de 4×4 economiza 30 minutos dos 60 minutos de trilha.
De 4×4 vai ficar média. Mas ainda tem um trecho de pirambeira que é meio chatinho… essa é no pezão. O 4×4 vai no asfaltão. é uma subidinha boa, mas não é no single pirambeira.
Espero ter ajudado.
Não conheço, mas parece um lugar espetacular.
Tem camping lá?
Grati
Tem não… só a casinha. Mas muito boa