A caminhada pode se uma forma de transpor a soleira para nossa jornada interior, afinal de contas, Buda, caminhou, Lao Tzu caminhou, Maomé caminhou e até Jesus caminhou em busca do autoconhecimento. A palavra TAO, significa O Caminho. Um caminho sem objetivo algum, que não tem mapa, não está cartografado.
Caminhar realmente é uma das atividades mais essenciais do ser humano. A minha predileta também. Assim como vários filósofos e escritores, caminhar me ajuda a por as coisas em seus próprios lugares. Mas aqui não vale aquela caminhada automática.
É preciso levar nossa atenção à experiência real de caminhar enquanto o fazemos. É estarmos presente nas sensações que a caminhada nos proporciona, prestar atenção nos lugares por onde andamos, olhe cada detalhe como se fosse novo, como se nunca tivesse passado por ali, olhe a textura das árvores, a cor dos prédios, o jeito que o céu está, é o próprio olhar do estrangeiro.
Técnica
Começamos nos dando conta do esforço que fazemos ao levantar a perna, olhe como seu pé toca o chão, qual a pressão que faz, onde essa pressão começa, como está sua respiração, tente olhar amplamente tudo ao seu redor, se sinta parte da paisagem. Preste atenção em cada sensação.
O principal aqui é estar totalmente naquele momento, ser a caminhada como um todo. Você pode começar indo de um trecho a outro lentamente em lugar fechado. Um dia fui num templo zen budista e lá parte da meditação também era caminhando ao redor da sala. Foi bem interessante. Principalmente depois que ficamos meia hora olhando para uma parede branca.
Também já participei de uma meditação com outros alunos da Universidade de Brasília onde o exercício era andar uns trezentos metros com passos de tartaruga olhando fixamente para um ponto. Era em câmera lenta meeeeesmo. Um trajeto que duraria três minutos fizemos em meia hora. No final da experiência era visível o quanto estávamos bem mais calmos e relaxados.
Dicas Gerais
- Local – Como pode parecer bem estranho no começo, não se preocupe em fazer que nem minha turma da UnB e andar como uma tartaruga no meio de todo mundo. Considere começar pelo seu jardim ou quintal quando ninguém estiver olhando. Algum lugar que você não será perturbado nem sofrer distrações.
- Duração – Se estiver começando, pegue leve. Pratique pelo menos 10 minutos para experimentar seu ritmo e não sentir nenhum desconforto.
- Ritmo – O ideal é fazer devagar, a ideia é desacelerar tudo: corpo e mente. Vá vagarosamente sentindo cada passo.
- Âncora – Uma dica que eu gosto muito é aterrissar antes de qualquer coisa. Se você estiver agitado e já começar a andar é mais difícil se concentrar. Então para um pouco antes, respira fundo algumas vezes, sente bem o local onde você está, feche os olhos, traga sua atenção para o agora e daí comece.
- Presença – Você vai viajar na maionese, é normal. Gentilmente, sem se culpar ou procurar explicações, volte a prestar atenção no agora.
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