Dicas essenciais para quem vai fazer o Caminho de Cora Coralina à pé ou de bike

No primeiro post que fiz sobre o Caminho de Cora Coralina, expliquei cada trecho do percurso e como fiz para percorrer de Corumbá a Cidade de Goás. Clique aqui para ver!

Neste aqui, eu coloco as principais dicas para quem está pensando em ir. Essas são, na verdade, as perguntas da galera que me procurou no insta e no face.  Confere aí:

Marcações

Nos primeiros 100 km a trilha não está bem marcada. Eu e os outros ciclistas nos perdemos várias vezes. Tudo bem que eu não tinha levado GPS, mas eles tinham e se perderam mesmo assim. Algumas vezes a marcação não existia e em outras levava a gente pro meio do nada.

Quando estava perdida chegando em Pirenópolis encontrei um motociclista, que também faz parte de um grupo de pedal. Ele me disse que tinha um infeliz apagando as marcas. Ele jurou que no ponto onde me perdi, ele e o grupo de pedal tinham reforçado as marcações.

No início da trilha, o servidor da Secretaria de Turismo de Goiás disse que estavam corrigindo algumas falhas. Quando cheguei, conversei com outro servidor, o João Lino, que disse que estava semana mesmo voluntários estão indo lá refoçar as marcações. Na torcida!!!

Já os 200 km restantes estão lindamente marcados. Foram os trajetos que segui algumas vezes sozinha e quase não encontrei problema. É bom demais ficar procurando as marquinhas em árvores, pedras, cercas. Parece uma caça ao tesouro. Mas aqui uma atenção aos ciclistas!!! A gente geralmente tá olhando pra baixo. Tem que ficar com um olho na paisagem buscando os sinais e outro nas pirambeiras.

A felicidade ao encontrar uma marcação!

Dá pra ir sozinho?

Essa é uma pergunta muito comum. Muitos viram meus stories e gritavam “sua louca! Você tá indo sozinha?”. Não! Eu curtia rodar sozinha, no meu ritmo, mas sabia que sempre tinha alguém vindo atrás de mim e teria meu pai me esperando na próxima cidade. Só por isso segui assim. Se eu me perdesse e não chegasse, sabia que alguém viria me procurar. Se quebrasse a bike ou me machucasse sabia que alguém me alcançaria e me ajudaria. Por isso, minha gratidão enorme ao Grupo do Pedal de Goiânia. Não iria rolar sem eles.

Tem gente que me pergunta se dá para ir sozinho. Se você estiver acostumado a rodar assim, se tiver plano B pra tudo, se for super organizado, se estiver levando GPS, Strava e vários outros tipos de localizadores e mapas, se souber se safar de vacas paridas, cachorros doidos e tarados, se não for desesperado, acho que rola sim. Mas saiba que a Secretaria de Turismo de Goiás não recomenda e eu não sou referência quando o assunto é se meter em furadas.

Só pra Brutos?

Definitivamente não! Olha eu aqui!!!! Hehehehe. Tava há anos sem fazer trilhas e nunca levei o pedal muito a sério. Só saiba que você vai demorar muito tempo para fazer os trechos e vai carregar a bike em vários pontos. Ciente disso, é só acordar cedo e se programar para fazer em mais tempo.

Além de pedalar numa velocidade regular, eu paro muito para fazer fotos e vídeos, conversar com os moradores, admirar a paisagem. Para vocês terem uma ideia, os galácticos, os meninos brutos do Grupo do Pedal, devem ter feito os 300 km em 26 horas. Eu fiz em 38 horas. Por isso, assim que o dia clareava eu gostava de já estar na estrada. Foi assim que fiz em 4 dias.

Se você é bruto, vai pirar. Tem subidinhas cheias de cascalho, descidas em pirambeiras, estradas longas pra pegar velocidade, terrenos de areia, de rochas grandes, de lodo, cheios d’agua. Você vai se divertir e vai ser um bom treino!!!!

Galera bem eclética no Grupo de Pedal de Goiânia

Quanto tempo

Tudo depende de quanto tempo você tem e do que está atrás. A Raiza Goulão, tricampeã de mountain bike, fez em três dias com o pé nas costas. Eu fiz morrendo em quatro, mas gostaria de fazer aproveitando as cidades em cinco ou seis. A recomendação pra quem faz à pé é de 12 dias.

Se você tiver mais tempo e interesse em história ou natureza, faça com calma, aproveite para conhecer os atrativos turísticos, conversar com as pessoas, tomar banho de cachoeira. Um dos pontos altos pra mim, foi quando paramos na pracinha central de Itaguari com a galera e ficamos bebendo cerveja, vendo o movimento, batendo papo com a galera da região e conversando água.

Por isso mesmo, recomendo fazer em feriados prolongados, quando mais pessoas estarão fazendo também. É uma forma de interagir, conhecer gente nova e ter mais segurança.

Melhor época do ano

Eu costumo dizer que a melhor época é quando você pode ir, mas… se eu puder dar uma dica é: Fuja da seca!!!!!!!!!! Aqui no Centro-Oeste a seca é geralmente entre os meses de junho e setembro. Sério mesmo. Eu já sofri horrores no calor do final de abril. O trecho entre São Benedito e Calcilândia é só plantação de soja, milho e cana de açúcar. Fiz esse trecho perto do meio-dia. Quase morri. O pneu parecia ter se fundido com o chão.

Ir na época de muita chuva também não deve ser bom, tem muitos trechos meio alagados que devem ser bem complicados passar. Além de pedras escorregadias perto dos córregos e cachoeiras. Mas é aquilo… Vai lá e se joga! Se der pra conciliar com tempo bom, maravilha. Se não, use capa de chuva, se suje de lama, leva bike na cabeça. Só não deixa de ir.

O que levar

O básico. O básico mesmo! Especialmente se você estiver sem carro de apoio, como era o nosso caso. Entre outras coisas, eu levei produtos de higiene em embalagens pequenas, duas roupas para pedalar e um vestido para ficar à noite, kit primeiros socorros mini, barras de proteína, camelbag, canivete, carregador de celular, câmara de ar, carregador portátil, lenços de papel, tênis e chinelo. Se for na seca, leve protetor labial!  Depois escrevo um post só sobre bagagem para cicloviagens.

bagagem para os quatro dias

Calçados

Mesmo se você for bruto, você vai empurrar a bike em alguns trechos. Até a Raiza Goulão empurrou, então não fique triste. Portanto, vá com sapatilhas novas, caso contrário corre o risco de arrebentar tudo no meio do caminho. Aconteceu com vááááários ciclista lá. Gente que foi com sapatilhas antigas para terminar de vez com elas. Eles tiveram que achar um tênis emprestado ou correr atrás de sapateiros.

Se você é PDR, que nem eu, pode escolher ir de tênis o tempo todo. Foi o que eu fiz e não me arrependo! Cansei mais as pernas, mas evitei quedas e andar que nem pato quando tinha que abrir caminho no meio do mato ou subir montanha carregando minha verdinha.

Pros caminhantes, atenção! O conselho é o contrário. Nada de testar tênis ou bota nova. Vá com aquela amaciada!!! Faça testes antes, ande com ela pra cima e para baixo, deixe ela bem no molde do seu pé.

Eu fui de tênis, meu pai de sapatilha

Comunicação

Lá no meio do estradão quase não tem sinal de celular, então esteja preparado pra isso. Além disso, você passa o dia no Caminho, não vai achar tomada. Leve com você um carregador portátil. Eu deixava o meu celular em modo avião o tempo todo.

No mais, aproveite para fazer do Caminho um detox do mundo virtual também. Não chegue ao seu destino e comece a postar fotos e grudar no WhatsApp. Converse com moradores, olhe as igrejas e museus, vá tomar um suco ou cerva na praça, conheça outros caminhantes ou ciclistas, viva aquele momento! Essa “desconexão” é um dos atrativos!!!!!

Tem dúvidas? Deixe aí nos comentários. Quer mais sugestões de destinos e aventuras incríveis? Clique aqui!