
Rio Meguro, Tóquio
Quem escreve hoje para o Descobertas Bárbaras são dois amigos que foram ao Japão agora em abril: o Aerton Guimarães e a Luana Lleras. Eles aproveitaram uma mega promoção da Qatar Airways e contam pra gente algumas coisas bem úteis para aproveitar melhor a terra das gueixas, do chá verde e da Hello Kitty.
Foi tudo bem inesperado. A Luana havia comentado comigo sobre a possibilidade de irmos ao Japão, eu disse que talvez sim, por que não? Nunca foi um objetivo meu, na verdade. De repente, uma mega promoção, lembro que foi em outubro. Conversamos e, na mesma hora, compramos para o início de abril, justamente para pegarmos a estação das cerejeiras, talvez o maior espetáculo japonês.
Mas eu não sabia nada sobre o Japão! Tive de pesquisar e vi quantas coisas lindas e me interessei ainda mais. Conheço pouquíssimas pessoas que já viajaram ao país, no máximo umas cinco, que me deram valiosas dicas. No entanto, eu não sabia muito bem o que esperar… nunca havia viajado para um país em que eu não soubesse falar o idioma.
Mas foi tudo (ou quase tudo) maravilhoso. Um povo extremamente educado, um transporte que beira a perfeição, belezas naturais e construções incríveis. Recomendo – e muito – a visita ao Japão. Para quem me pergunta, digo que o único problema – para mim – foi a comida. Restaurante japonês no Brasil não é o restaurante no Japão… então não espere sushi e sashimi – quase não encontramos restaurantes. Mas vamos lá. Luana e eu escrevemos as dicas abaixo para quem deseja conhecer o país que fica logo ali, a pelo menos umas 40 horas de viagem de Brasília.
1. Preços
Ao contrário do que muita gente pensa, é possível, sim, fazer uma viagem econômica ao Japão. Acompanhe as promoções. Nós pagamos menos de R$ 2 mil nas passagens de ida e volta, saindo de São Paulo. Além disso, você encontra boas opções de restaurantes e lanchonetes com preços que variam de 5 a 15 dólares a refeição completa (entrada, prato principal e bebida).
2. Quanto tempo ficar?
Em nossa viagem, de 16 dias no Japão, conhecemos Tóquio, Quioto, Hiroshima, Nara e Osaka. Ficamos 9 dias em Tóquio, mas ficaríamos bem mais, há um mundo para conhecer ali. Em Hiroshima, recomendamos passar uma noite só, pois aí já dá para conhecer bem a cidade (bem pacata) e a Ilha de Miyajima. Em Quioto, depende do que você quer. Se o seu negócio é conhecer todos os templos, separe mais dias. Se quer apenas ir nos principais, três noites são suficientes. Em Nara é possível fazer só um bate e volta no mesmo dia e, em Osaka, mais uma vez depende dos seus planos. Quer vida noturna? Compras? Aí vai variar.

Templo Dourado, Quioto
3. Transporte
A facilidade de transporte é uma das coisas mais sensacionais do Japão. Se a ideia é conhecer várias cidades, vale a pena comprar o JR Pass – um bilhete único que permite o uso em trens, metrôs e trens-bala em todo o país. Ele é vendido a um preço mais acessível se comprado pela internet (melhor do que comprar em solo japonês) e apenas turistas podem adquirir o passe. Pode parecer meio salgado (pagamos $400 para 14 dias), mas o preço vale a pena, até mesmo pela facilidade de locomoção, sem filas, sem check-in ou mesmo a necessidade de reserva de acentos (opcional) nos trens-bala. Os trens e metrôs funcionam de 5h às 23h30, ou seja, se ficar na rua até muito tarde, terá de pagar táxi (é bem caro. Pegamos um que andou por pouco mais de 10 minutos e pagamos mais de 30 dólares pela corrida).
4. Hospedagem
Hospedagem no Japão é bem cara. Uma alternativa é se hospedar em hostel ou alugar um apartamento pelo AirBnB, que compensa especialmente se você estiver viajando em grupo. Fique atento aos hotéis cápsula, pois muitas vezes eles oferecem um preço mais acessível, mas há vários específicos só para homens ou só para mulheres. Há redes “teoricamente” mais baratas por lá, como Ibis e Apa.
5. Onde ficar em Tóquio?
Uma das melhores opções é perto de Shinjuko ou de Shibuya, áreas bastante movimentadas e centrais da cidade. De lá você vai praticamente para qualquer lugar e, se quiser ficar até tarde na rua, pode voltar de madrugada à pé para a hospedagem sem problema.

Rua de Shinjuko, Tóquio
6. Onde ficar em Quioto?
Há duas ótimas opções, depende dos seus objetivos de viagem. Quer sair muito à noite, conhecer bares, restaurantes, boates e ainda ficar perto das principais ruas e templo? Procure algo próximo de Gion. Se você quer fazer de Quioto sua base para viagens próximas, como Hiroshima, Nara, Osaka e outras cidades, fique perto da estação de Quioto. Em frente dela, por exemplo, há um Ibis.
7. Onde se hospedar em Hiroshima?
A cidade é pequena e bem servida pelos street cars. Pode ficar entre a estação de Hiroshima e o Memorial da Paz que você ficará em uma região ótima.

Memorial da Paz, Hiroshima
8. A Ilha de Miyajima
Uma das grandes surpresas da viagem foi a Ilha de Miyajima, em Hiroshima. Além de uma graça, tem bons restaurantes, lojinhas para compras, lindas paisagens e um dos templos que mais gostamos, o budista Daisho in, com centenas de estátuas e esculturas em um templo todo espalhado montanha acima.
9. As pessoas são receptivas?
Depende do que você espera. As pessoas são extremamente educadas e te tratam bem, especialmente nas lojas e nos locais mais turísticos. Te ajudam bastante e são simpáticas. Mas raramente elas vão interagir com você. No Japão, especialmente em Tóquio, as pessoas respeitam muito o espaço individual do próximo, e isso significa não puxar assunto ou manter contato visual. Em Kyoto e Hiroshima, esse respeito existe, mas as pessoas parecem mais relaxadas, e até olham para você sem desviar o olhar caso você olhe de volta.
10. Templos
A entrada para os templos é bem barata. Não costuma passar de 500 ienes. Tem gente que faz questão de entrar em todos (e são centenas de templos no país), há opções no topo das montanhas, no centro das cidades, etc. Alguns são lindos, mais até para contemplação do que outros, mais simples, para meditação.

Templo Kiyomizu-dera, Quioto
11. Não há lixeiras
Não há latas de lixo pela cidade. Isso mesmo. Na verdade, são poucos os pontos em que se encontra um local para colocar o lixo, nem mesmo em banheiros públicos ou em restaurantes. Mas isso não impede as cidades de serem extremamente limpas. Cada cidadão é responsável pelo seu lixo. E cada loja é responsável também.
12. Segurança
Você pode andar com uma bolsa transparente mostrando todos os seus pertences (aliás, isso é uma moda lá) e ninguém vai te roubar. Passamos dias com a câmera fotográfica no pescoço e o celular no bolso da calça sem preocupação alguma. Foi tudo muito seguro o tempo todo.
13. Poucas pessoas falam inglês
Se você dominar o inglês, pode se virar bem no país. Nas principais estações há informações em inglês e grande parte dos restaurantes têm o cardápio em inglês e japonês. Assim, o turista pode apontar para o que deseja escolher no cardápio e não cai em tantas ciladas.
14. Aluguel de kimonos
Em Quioto, principalmente, é possível alugar kimonos para passar o dia, com a opção de fazer cabelo e maquiagem também. É bem comum ver casais que alugam kimonos para fazer fotos de casamento nos diversos templos espalhados pela cidade.
15. Comida
Você não vai encontrar restaurantes japoneses como conhecemos no Brasil com tanta facilidade. No Japão, o lámen, carnes com bastante gordura, frango com muita pele, caldos e sopas de porco e temperos fortes são os pratos mais comuns.

Café da manhã típico japonês
16. Cafés temáticos
Saiba que em Tóquio há vários cafés temáticos. De corujas, gatos, cachorros, da Alice no País das Maravilhas…. Procure e descubra, se bobear há algum do Pokemon, Hello Kitty e outros temas bem pop. Mas lembre-se: procure reservar sempre para conseguir vagas e fugir das longas filas, existentes em praticamente todos os restaurantes bons do Japão, em cidades de qualquer porte.
17. Cerejeiras
Amamos ir na época das cerejeiras (fim de março e início de abril). Nossos amigos que moram lá disseram que as melhores épocas são justamente essa e outono, com a troca de cores das folhas, de setembro a novembro.

Tóquio
18. Saquê
Você conhece bem os saquês? Achávamos que conhecíamos até experimentar no Japão. Há vários tipos, bem diferentes do que costumamos consumir aqui. Há um tipo de saquê que lembra mais as bebidas destiladas, como whiskey. Outro, bem suave. Ou seja, há uma diversidade enorme e para todos os paladares.
19. Compras
Há lojas, como a Daiso, que vendem produtos a partir de 100 ienes (cerca de 1 dólar). São as hyaku yen shop. Normalmente, se há algum produto acima desse valor, ele estará com o preço visível. O restante dos produtos, sem preço, custa 100 ienes mesmo. A variedade das mercadorias é imensa. Desde artigos de casa, papelaria, até maquiagens e comidas. Dá para perder a linha por ali! No geral, as coisas têm o mesmo preço ou são mais caras que no Brasil, como roupas, eletrônicos, etc.
20. Lojas de brinquedos
Há ótimas lojas de brinquedos, principalmente em Tóquio. Na Kiddy Land, por exemplo, cada andar é temático. Tem um do Snoopy, outro da Hello Kitty, e por aí vai. Outro bom lugar para comprar brinquedos e bichos de pelúcia de todos os jogos da Nintendo, por exemplo, é na Takeshita Dori street.
21. Disney
Em Tóquio há duas Disneys: a Disneyland e a Disney Sea. Fomos na Disney Sea e amamos! Se você já conhece a original, em Orlando, vai ver que é uma versão menor com brinquedos mais para contemplação do que para aventura, na verdade. Mas há o reino da Pequena Sereia, Agrabah (de Aladdin), passeios de barco, trem, o elevador que cai e o requisitado brinquedo de tiro ao alvo do Toy Story. Dica: chegue bem cedo ao parque e pegue o fast pass para o Toy Story. As filas são muito longas e duram mais de uma hora, então é bom garantir a entrada logo. Entramos às 9h e só conseguimos o fast pass para às 17h! Ah, os musicais da “Broadway” também são bem bacanas e vale a pena conferir.

Disney Sea, Tóquio
Texto e fotos: Aerton Guimarães e Luana Lleras