Aeroporto Fiumicino. Itália. 15 de maio de 2017.
Confesso que estou no meio das minhas férias e morta de cansaço. Tão pilhada quanto quando comecei. Enchi meus dias de atividades, queria aproveitar cada segundo.
Afinal, os primeiros 15 dias na Irlanda e em Londres seriam com sol!!! Sol!!! Minha lista do “tenho que…” era enorme. Aulas, trilhas, passeios, pubs, saídas com amigos… fora atualizar o blog o tempo todo.
Meu iPhone me mostra que neste tempo andei em média 12 quilômetros por dia. Na quarta-feira passada foram 19! Quase a mesma distância que eu fazia no Caminho de Santiago de Compostela.
Que doideira é essa? Transformei minhas férias num trabalho também. Seguindo a mesma lógica de eficiência! Tinha que usar todos minutinhos!!!
Lembrei do Palomar, personagem do livro de Italo Calvino, que decidiu ir à praia para relaxar, mas a única coisa que conseguia fazer lá era tentar analisar o mar. Ao invés de desfrutar com calma tudo aquilo, ficava tentando achar uma ordem, uma lógica na sequência de ondas. Não conseguia e ficava ainda mais tenso do que quando chegou.
Ontem percebi que se continuasse assim, acabaria mais cansada do que quando cheguei. Mal dormi esses últimos dias seguindo o ritmo insano de produção que tenho lá. Mudei de cidade, país e continente, mas continuo no modo operária.
É como o coreano Byung-chul Han, autor do livro Sociedade do Cansaço, diz: levamos a eficiência para todas as esferas da nossa vida. E o pior: nós somos nossos próprios carrascos, nos cobrando o tempo todo ações e resultados num relação de auto-exploração. Era isso, ninguém, a não seu eu mesma, estava me cobrando fazer o máximo de coisas no menor espaço de tempo possível.
Bem, se somos nossos carrascos, só cabe a nós mesmos nos libertar e foi isso que decidi fazer ontem. Essa segunda parte das minhas férias vai ser diferente.
Meu namorado chega já já! Tá vindo do Brasil e deve estar em algum lugar entre Nova York e Roma. Tinha feito um roteiro pra conhecer várias cidades com ele: Roma, Tivoli, Siena, Pisa, Veneza, Florença, Bolonha….
Pois bem… que se dane meu roteiro eficiente! Ontem reservei uma casinha num vilarejo no meio do nada! Vão ser pelo menos três dias Sob o Sol da Toscana, como descreveu Frances Mayes, sem plano algum. Nada de programação, guia, bus tour(que eu odeio mesmo), restaurante recomendado, sem ter que visitar os “9 lugares imperdíveis na Itália”. Sinto muito, vou perder.
Aliás… me perder tem se tornado minha especialidade. E, quer saber? Sinto muito o caramba! Sinto é que a partir do momento que entrarmos no carro, fugindo das autopistas, nos embrenhado entre vilarejos sem planos é que, finalmente, vou entrar de férias.