Se alguma coisa pode te trazer conforto, causando desconforto, é esse livro. Eu sempre fui apaixonada pelo O Andar do bêbado, mas depois que começou essa loucura do Coronavírus me pego pensando nele muitas vezes ao dia.
O andar do bêbado – como o acaso determina nossas vidas – é um livro do doutor em física Leonard Mlodinov. Até por isso, não é um dos livros mais fáceis do mundo, mas como disse Stephen Hawking, é um guia maravilhoso e acessível sobre como o aleatório afeta nossas vidas.
Você está cumprindo suas metas para 2020?
Garanto que a maioria de nós não colocou nos planos para 2020 passar pelo que está passando. Por conta dessa situação, esse livro nunca foi tão atual. Ele nos lembra de uma coisa incômoda e que pouca gente quer assumir: “a gente não controla quase nada”.

Com dados e pesquisas Mlodinov vai mostrando que nossa vida é feita de uma combinação de fatores em grande parte aleatórios. São 10 capítulos que vão construindo passo a passo, mesmo para iniciantes, noções de probabilidade.
“Muito do que nos acontece – êxito na carreira, nos investimentos e nas decisões pessoais, grandes ou pequenas – resulta tanto de fatores aleatórios quanto de habilidade, prapração e esforço. Portanto, a realidade que percebemos não é um reflexo direto das pessoas ou circunstâncias que a compõem, e sim uma imagem borrada pelos efeitos randomizantes de forças externas imprevisíveis ou variáveis. Isso não quer dizer que a habilidade não importe – ela é um dos fatores ampliadores das chances de êxito – mas a conexão entre ações e resultados não é tão direta quanto gostaríamos de acreditar. Assim, nem nosso passado é tão fácil de compreender nem é fácil prever nosso futuro, e em ambos os empreendimentos podemos nos beneficiar da capacidade de enxergar além das explicações superficiais”
Para exemplificar esse pensamento, ele traz vários casos em que, pelo senso comum, quebramos a cara. Seja explicando por fórmulas matemáticas como um filme bom não fez sucesso, um astro do beisebol não foi o recordista da temporada ou como um péssimo jogador pode ser campeão de pôquer.
Mínimas alterações geram grandes mudanças
Depois de passar a maior parte do livro detalhando com mil explicações matemáticas porque devemos questionar o que parece óbvio, ele vai mostrar como mínimas mudanças na nossa vida podem provocar grandes alterações no nosso destino.
Para exemplificar isso, ele conta a história de um cientista que estava refazendo uma simulação da previsão do tempo . Cientistas geralmente presumem que se as condições iniciais de um sistema forem ligeiramente alteradas, sua evolução também será ligeiramente alterada. Só que não! Quando no lugar de 0,293416 ele colocou 0,293 (só arredondou) a mudança foi gigantesca. O fenômeno foi chamado de “efeito borboleta”, que a gente conhece bem.

E isso acontece em nossas vidas!!! Até um xícara de café a mais pode mudar todo nosso destino “é equivalente à ideia de que a xícara de café que você tomou de manhã poderia levar a alterações profundas em sua vida. No entanto, isso é efetivamente o que acontece … por exemplo, se o tempo gasto tomando a bebida fizer com que você cruze o caminho de sua futura mulher na estação de metrô, ou evitar que você seja atropelado por um carro que atravessou um sinal vermelho”.
Eu aposto que você tem mil exemplos assim na sua vida e na de próximos. Depois compartilha comigo exemplos lá nos comentários… de como algo pequeno e aleatório mudou sua vida.
Eu detesto quem tem bola de cristal
Sabe aqueles sabichões que conhecem tudo, preveem tudo, tem sempre razão? Já não gostava antes de gente assim, depois de ler esse livro então… Isso porque como vimos acima, nós desconhecemos todos fatores futuros que podem influenciar algo.
É fácil analisar (depois que acontece) porque um filme fez sucesso, um candidato venceu ou as ações de determinada empresa caíram. Mas todo nosso conhecimento de passado não é lá muito útil para o futuro. Dá uma olhada neste gráfico que o Andar do bêbado traz. Ele compara alunos acertando cara ou coroa numa moeda com corretores da bolsa de valores…

Isso significa que todas as previsões que estão sendo feitas em relação ao nosso futuro depois desse coronavirus devem ser vistas com desconfiança e ceticismo. A verdade é que ninguém consegue prever muita coisa.
Eu sei que é difícil imaginar que algo tão pesado como o que estamos vivendo com o Corona, possa ter consequências boas. Mas o aleatório é assim. Existe uma chance da gente, como um todo, como humanidade, sair melhor depois que esse turbilhão passar. Quem sabe a gente não repensa nossos padrões de consumo, nosso modo de vida?
Mlodinow alerta “em vez de confiarmos em nossa capacidade de prever os acontecimentos futuros, podemos nos concentrar na capacidade de reagir a eles, por meio de qualidades como flexibilidade, confiança, coragem e perseverança”. É sair do automático, resistir à formação de julgamentos e atuar pra sair disso.
O segredo do andar do bêbado é não cair – não desistir
Quando assumimos o papel do acaso na nossa vida, fica mais fácil entender um dos segredos do sucesso: o número de vezes que tentamos algo. É o número de vezes que arriscamos, o número de oportunidades que aproveitamos, o número de vezes que tentamos rebater a bola ou que insistimos na nossa ideia.

Ele cita Thommas Edison “muitos dos fracassos da vida ocorrem com pessoas que não perceberam o quão perto estavam do sucesso no momento em que desistiram”. Cita também a história de vários autores de sucesso que tiveram suas obras recusadas inúmeras vezes e continuaram procurando que as publicasse.
Nessa época desafiadora em que nos encontramos, esse livro cai como uma luva. É precismo aceitar os eventos que nos causam sofrimento, agradecer pelo que temos que não foi afetado e com clareza, flexibilidade, coragem e confiança… continuar jogando.
Venha para o time do Descobridores!
Bem… aqui no blog, eu sempre coloquei coisas pra te tirar de casa. Como Coronavirus, abri outra parte do blog. Se quiser mais opções de lazer, hobby e afins… clique aqui! Se você quiser ter acesso a todas os posts, só me acompanhar no insta @babilins e na página do face Descobertas Bárbaras.
2 comentários
Oi Babi. Quero relatar “5 minutinhos” que fez toda a diferença na minha vida. Em 1988 eu me relacionava com o Sérgio (futuro pai do Cavi) e em novembro de 1988 todos la de casa viajaram para o Goiás, no feriado de finados. Eu fiquei pra ir depois, com uma amiga que ainda precisava trabalhar no sábado. O Sérgio havia me convidado pra passar o feriado com ele mas eu “declinei” pois já tinha a viagem combinada pro Goiás, no sábado a tarde e ele sabia. Pois bem, a amiga atrasou no trabalho dela e tivemos que adiar a viagem para o domingo. Domingo de manhã eu fechava as janelas de casa pra sair qdo batem na porta. Ao abrir a porta: SURPRESA!! Sérgio estava ali, com um sorriso radiante e uns cachos dourados brilhantes!!! Meu coração acelerou!!! Ele disse que mesmo sabendo que eu “estaria viajando” resolveu arriscar e vai que eu tivesse em casa!! Pois è, eu estava, e se ele chegasse 5minutos depois não me encontraria. Resultado: naquela manhã, no calor do nosso encontro inusitado, o Cavi foi fecundado!!!!
Gente, do céu… tia, tô emocionada aqui. Que lindeza! Não sabia disso… Olha que beleza que o aleatório trouxe pra nossas vidas. Gratidão por compartilhar!