Este ano, mais uma vez, o carnaval de Brasília me encheu de orgulho! Segue aqui um post bem bacana sobre esse movimento de gente linda, elegante e sincera que encheu nossas ruas de muita purpurina e confetes!Quem escreveu sobre ele para o blog foi a Carol Soares, publicitária e uma das amigas mais festeiras deste quadradinho!
“O meu amor à Brasília não é novidade para quem me conhece, muito menos minha paixão pelo carnaval. Por anos eu sofri o eterno dilema de viver a cultura e a folia fora daqui. E, confesso, nos últimos tempos eu andava vivendo aquela angústia entre ver a minha cidade caminhar para ter um carnaval de rua que pudesse ser considerado de fato um carnaval e lidar com as tentativas constantes das autoridades para eliminar os locais que vinham se tornando referência cultural na cidade.
Primeiro veio a notícia triste do fechamento do Balaio (bar/restaurante brasiliense que, por anos, abrigou eventos com música, cinema, literatura, dança, roda de capoeira, entre outros), pouco tempo depois, uma operação do governo multou bares da 209 norte, quadra que reúne grande parte dos estabelecimentos alternativos e com música da Asa Norte. Às vésperas do Natal, policiais prenderam jovens que estavam tocando música na 410 norte, sob protestos dos pais e de outros vizinhos. Muitos outros bares cortaram a programação musical de suas agendas. Outro dia, fui com meu namorado ao Feitiço Mineiro, bar que ele frequentava para escutar choro, e descobrimos que não existem mais apresentações de chorinho por conta das multas que o local recebeu algumas vezes. E a tal da lei do silêncio tentava abafar toda e qualquer tentativa de se ter uma cidade com voz, com canto, com música, com cultura. O carnaval nos escorria pelos dedos.
O ano começou sob protestos e muita gente se uniu para fazer diferente. Blocos tradicionais pré-carnaval mudaram de lugar e tiveram até aglomerações alternativas para preservar o local original (normalmente em áreas residenciais). O secretário de cultura do DF disse que não determinou locais específicos para os blocos, nem estipulou horários. É muito provável que as mudanças tenham acontecido, mesmo, por conta das reclamações dos moradores. Mas, graças ao Rei Momo, Guilherme Reis declarou: o carnaval é do folião! E foi!
Este ano, como de costume, não passei o Carnaval por aqui. Menos por acreditar no potencial, mais por querer acompanhar amigos e o namorado que sonhavam com a folia de Recife. Mas, pela primeira vez, meu carnaval começou um mês antes da festança oficial. Sim, amigos, um mês! Durante os três finais de semana anteriores ao meu embarque para Recife, teve purpurina, pintura de rosto, fantasia. Fui colombina, princesa, cigana, havaiana. Pulei na lama, peguei chuva, queimei os ombros nesse sol desértico, comprei alguns sacos de confete, enfeitei meus cabelos com uma nova coroa de flores. Minha sacola de fantasias, que ano após anos fica maior, dobrou de tamanho. E olha que as fantasias que levei para Pernambuco nem ocupavam tanto espaço. É que o ano teve bem mais do que as costumeiras quatro fantasias.
Tentei acompanhar as fotos da folia brasiliense pela internet e só vi alegria, serpentinas, sorrisos e brilhos. Não vi ninguém falando, como de costume na cidade: o último que sair apaga a luz. Poderia jurar que meus amigos que ficaram aqui tinham arrumado uma viagem de última hora para algum lugar muito carnavalesco. E tinham: esse lugar carnavalesco se chamava Brasília e ficava a poucos passos das casas de cada um deles. Ao chegar, a primeira coisa que escutei de 10 entre 10 amigos que ficaram foi: você ia amar o carnaval daqui! E o que explodiu meu coração foram os relatos de alguns amigos no Facebook. O do Rafael Pops resume bem o que foi o período na cidade:
“Hoje estive em vários lugares da asa norte, por onde passei vi restos de confete… A cada bolinha no chão, eu abria um sorrisinho de canto de boca… E pensava: Aqui teve gente feliz!”
Teve carnaval, gente! Dos tradicionais Pacotão e Galinho de Brasília, aos novos blocos abre-alas que estão mudando a imagem da nossa cidade: Babydoll de Nylon e Bloco das Perseguidas. Teve Bloco Lírico e, para aumentar o calor do coração, o Bloco do Amor. Bloco da Tesourinha, Bloco das Divinas Tetas, Aparelhinho, Bloco do Rabisco, Menino da Ceilândia, Mamãe Taguá, e a lista não para. Teve confeti na rua, purpurina nas calçadas, gente de fantasia no Plano Piloto, em Águas Claras, na Ceilândia, em Taguatinga, no Areal, no Paranoá. Mais de um milhão de pessoas nas ruas da capital do país.
Houve quem dissesse que Brasília estava encaretando. Ou aqueles que afirmassem com veemência que Brasília é careta. Eu só tenho uma coisa a dizer para vocês: Brasília é uma guerreira, porque não vai ter lei do silêncio que tire nossa fantasia e cale nossa música.
Quando eu falo para os meus amigos que moram foram da cidade que sim, temos carnaval e sim, ele é muito animado, eles riem. Mas quem ri por último, ri melhor! E ainda temos muitas gargalhadas para dar”.