Estava relendo o livro Cem dias entre céu e mar para fazer um resumo para o blog quando um trecho me deixou com os olhos marejados. Um trecho que nem tinha mexido comigo há 15 anos, quando li o livro pela primeira vez. Só que agora entendo perfeitamente o que Amyr Klink quis dizer sobre um medo maior do que o de deixar sua zona de conforto e se lançar ao mar.
“Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo. Mas, ao me encontrar afinal só, só e independente, senti uma subita calma. Era preciso começar a trabalhar rápido, deixar a África para trás, e era exatamente o que estava fazendo. Era preciso vencer o medo; e o grande medo, meu maior medo na viagem, eu venci ali, naquele mesmo instante, em meio à desordem dos elementos e a bagunça daquela situação. Era o medo de nunca partir. Sem dúvida, este foi o maior risco que corri: não partir”
Esse trecho me emocionou porque convivi com esse medo durante um bom tempo até pedir para sair do meu antigo emprego em fevereiro. Na época, muita gente me perguntava “e aí? Tá com medo não?”, “porque está fazendo isso? muita gente gostaria de estar onde você está hoje”, “Bárbara, aqui tem plano de saúde, você não tem juízo, não?”. Alguns expressavam sua surpresa com minha saída de um jeito mais simpático.

A resposta, mesmo hoje quando boa parte dos meus planos naufragaram com a chegada do Covid-19, é a mesma do Amyr. Lógico que estava e ainda estou com medo e ansiosa pelo que vai acontecer, mas o medo de me ver fazendo a mesma coisa por mais 10 anos é que me matava. Me angustiava todo santo dia. Por mais que eu amasse o que eu fazia e tivesse orgulho da minha empresa, eu queria ter outras experiências, navegar por outros mares.
É preciso enxergar todos nossos medos
A questão é que muitas vezes não colocamos essa dor na equação. Não enxergarmos o “medo não partir” e as consequências disso na hora de decidir o que fazer.
Normalmente, a gente só pensa no que de ruim pode acontecer se a gente fizer. Não pensamos no que de ruim pode acontecer se a gente não fazer. É mais difícil pensar no que acontece quando a gente poda o que nossa alma pede. Quando a gente ignora o que nosso coração anseia ardentemente.
Nessas horas, nada melhor do que papel, caneta e imaginação. Semana passada estava procrastinando algo que tinha que fazer por medo dos resultados e meu noivo lembrou de uma estratégia do Tim Ferris que ajudava a lidar com isso de forma prática.
Em um TEDx, o escritor Tim Ferris contou que volta e meia ficava paralisado quando tinha que tomar uma decisão importante. Por isso, criou uma estratégia utilizando diferentes ferramentas de desenvolvimento pessoal. Já tinha aprendido ferramenta semelhante há 5 anos, mas a do Ferris é mais simples.
O passo a passo de Tim Ferris para definir seu maior medo
Para começar, pegue cinco folhas em branco. Defina no topo da primeira folha o que você quer fazer e não está conseguindo. Tem que ser em uma frase que comece assim “E se eu ……” abrir um canal no youtube, terminar meu namoro, lançar um livro, fazer em sabático e por aí vai. Defina claramente seu desejo que tá travado., que tá aí no “vai não vai”.

Ainda na primeira folha você vai enumerar tudo de ruim que pode acontecer se você fizer o que quer fazer. Solta a imaginação! Na segunda folha, vai escrever o que você pode fazer para prevenir ou pelo menos diminuir as chances de que essas coisas ruins que você listou na primeira folha aconteçam. Na terceira folha, vai listar o que consegue fazer para remediar os danos casos as coisas ruins que você imaginou aconteçam.
Na quarta folha você vai escrever quais são os benefícios, mesmo simples, que você vai ter se fizer o que está sonhando. Mesmo se você cumprir parcialmente o que almeja, o que você ganha com isso? Coloca nessa folha. Pensa em tudo de bom que pode acontecer a médio e longo prazo.
Por fim, o supra sumo! Coloque na quinta folha o preço que você paga por não fazer. Quais são as consequências físicas, financeiras e emocionais da inação? Fique um bom tempo nessa parte explorando como estará sua vida em seis meses, um ano, dois anos se você não fizer nada. Nossa… só de imaginar me arrepio.
O preço de não fazer nada é alto
É assim que a gente percebe que o preço de não fazer nada é altíssimo!!! E o pior! Que a gente vai continuar com essa dor pra sempre se não fizer, se não agir, se não se arriscar. As pesquisas com pessoas no leito de morte estão aí para provar. Quase todas pessoas que estão em seus últimos dias, afirmaram que se não lamentam das escolhas que fizeram e deram errado. Quando eles olham pra trás, se arrependem das ações que não tomaram por medo.

Ah!… esse exercício do Tim Ferris tem outro ponto importante!!! É perceber que não é só sair se jogando no mundo. Tem que ter estratégia, tem que pensar em consequências, tem que se preparar. E quando tiver com tudo esquematizado, se joga!!! Usa o medo de “não partir” para te impulsionar. A vida é muito curta., lembra disso tá?
Se você conhece alguém precisando fazer esse exercício, compartilha o texto do blog! E aqui no blog tem outras crônicas .
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4 comentários
Parabéns por ajudar as pessoas ! As vezes precisamos de apenas um empurrãozinho, que em muitas ocasiões são dados por quem acabamos de conhecer, através de um texto.
Alexandre, sabe o que eu mais amo nesse blog? São momentos assim, quando vem alguém “do nada” e se conecta comigo. Muito obrigada pelo retorno, que sua quarentena seja transformadora!
Amei o texto, Barbara!!! E que estratégia show!! A dor de não sair da inércia pode durar o resto da vida!! Que horror!!!!
Muito isso!!!! Dói demais, Eliane!