Brasília, 15 de julho de 2017.
Estou chegando à conclusão de que casais de namorados que moram sozinhos se juntam mais por praticidade do que por outra coisa. Não que eu não seja romântica. Sou horrores. Acredito mesmo no amor, na paixão e qualquer outro sentimento que nos faça rir sozinhos quando chega uma mensagem no celular daquela pessoa especial.
É que acabo de chegar na casa do meu namorado carregando mil sacolas. Se minha avó me visse, perguntaria se tinha virado cigana. São camisas, sapatos, calças, roupas pra malhar…um volume enorme.
Há um ano tenho praticamente duas casas. A minha e a do meu namorado, e nos últimos meses a minha tem sido basicamente um guarda-roupa.
A cada seis, sete dias tenho que fazer uma micro-mudança. Vem roupa limpa, vai roupa usada. Confiro quantos vestidos, roupas casuais e de academia tem aqui. Vejo se tem calcinha suficiente e um pretinho básico para festas e saídas à noite. Também não esqueço de deixar sempre um biquíni e uma canga, itens básicos para mim.
E a logística não acaba por aí. Dois secadores, dois estojos de maquiagem, duas chapinhas, duas escovas, dois pijamas…. sem contar quando eu estou aqui e quero o vestido que está lá. Ou estou lá e quero a sandália que está aqui.
E pra quem segue dieta? Pai eterno. Ovos e massa de tapioca compradas em dobro. As frutas e verduras da feira vão pra onde mesmo? Deixo aqui ou levo? Ainda tem questões de ordem financeira!!! Por que diabos eu continuo pagando aluguel, internet, agua, luz, telefone e condomínio pro meu armário?
Tem uma hora que isso não faz mais sentido algum, a mão-de-obra dessa logística começa a pesar e juntar os trapos parece a melhor coisa a se fazer só para evitar a fadiga. Mas pensando bem… Não é pelo cansaço que a gente quer juntar as escovas de dente.
Se não tivesse muito amor e paixão nisso, eu já teria pulado fora. Não valeria à pena carregar mil cabides no carro se não fosse para acordar com ele falando qualquer besteira ao meu lado e me tirando um sorrisão logo cedo. Se não fosse pra ter aquele “boa noite, linda” antes de dormir. Se não fosse pra fazer a tapioca de manhã, gritar “tá pronta, amor” e ouvir ele descendo as escadas para gente tomar o café da manhã juntos.
Não valeria a pena se não fosse a coisa mais gostosa do universo ouvir aquela a chave girando, a porta abrindo e ele perguntado “Capi???”. Se não fosse delicioso ele invadindo meu banho. Se eu não me derretesse toda quando nós perdemos a noção das horas conversando sem fim deitados no tapete da sala. Se não fosse para na sexta-feira ouvir ele abrindo a cerveja e trazendo meu copo. Se não fosse maravilhoso ouvir ele lendo pra mim um trecho de um livro, notícia ou post que gostou. Se não fosse pra gente arrumar a casa juntos ouvindo música.
Se não fosse por cada um desses momentos em que o mundo fica melhor, só porque ele tá aqui para compartilhar essa existência comigo, nada disso faria sentido nenhum e essa conversa de morar juntos não teria nem começado. Amanhã eu levo as roupas sujas, mas antes de sair, vou ouvir aquele “tenha um excelente dia de trabalho, linda” que é o que faz eu querer voltar sempre.
Então, não é pela praticidade. Não é para evitar a fadiga. Não é para economizar. É por cada um desses nossos pequenos rituais diários. É porque com ele o meu mundo é muito melhor.
Para mais crônicas, clique aqui!