– Eu tive sorte.
Durante muitos anos, essa frase foi meu mantra. Eu gostava dela. Justificava e resumia muita coisa com ela.
Achava lindo e a usava para contar como tinha conseguido tanta coisa legal.
Se eu fui convidada pra sair pelo cara mais gato da festa, era sorte. Ter conseguido aquele furo de reportagem no trabalho, sorte. Se tinha sido escolhida para bolsa de estudo na gringa, sorte. E por aí vai….
Até que um dia em que, depois de contar sobre a sorte que tive ao conseguir uma promoção no trabalho, minha psicóloga perguntou:
– Você é muito sortuda, né?
Disse na lata:
– Muito!!!
Respondi orgulhosa! Nem imaginava a tijolada que viria.
Ela então começou:
– Nada disso foi seu mérito? Nada disso você mereceu? Você não passou o final de semana se matando de tanto trabalhar? Você não ficou se arrumando um tempão e nem fez todos os joguinhos necessários na festa? Você não passou a madrugada na biblioteca estudando para o vestibular? Nada disso foi uma construção sua? Foi tudo sorte?
Na hora que caiu a ficha, doeu. Doeu demais. Não conseguia falar mais nada.
Nunca tinha me tocado que explicava todas minhas conquistas como pura sorte. Nunca por competência, por merecimento. Porque eu não valorizava todo o esforço que fiz?
E eu já tinha tido pistas dessa estratégia de sabotagem.
Um ano antes estava na redação comemorando uma reportagem especial que tinha feito e gerou uma excelente repercussão. A equipe estava comentando a loucura que foi produzir e editar o material em tão pouco tempo.
No final, comemorei dizendo que eu tinha tido muita sorte em terminar o texto da reportagem em cima do laço. Mal terminei de falar, meu chefe ficou sério, me olhou e disse:
– Não, Bárbara, não é sorte. É competência.
Naquela hora eu achei interessante ele ter dito isso e me senti orgulhosa. Só isso.
Mas a tijolada da psicóloga fez meu mundo girar. Peguei cada um dos exemplos que ela deu e comecei a analisar. No começo foi difícil acreditar que não era só sorte. Pra falar a verdade ainda é. Muito. Mas aos poucos eu começo a entender que eu fiz por merecer. Que eu faço por merecer.
Claro que eu continuo acreditando em sorte. Demais da conta. Mas percebo que só que só ela não basta.
Percebo que muita gente tem a crença que eu tinha, de que tudo era só sorte. Volta e meia alguém competente me conta algo que conquistou com esse discurso de sorte. Geralmente é mulher. E ao falar isso, ela retira da conquista qualquer esforço, habilidade ou traquejo dela.
Só que hoje, ao invés de concordar, um dos maiores prazeres da minha vida é repetir, em alto e bom som, o que o meu chefe me disse:
– Sorte é caramba! Isso é competência, meu bem!

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