Esse foi um texto que publiquei originalmente no Linkedin. Como estou nesta mesma vibe de me desconectar agora, decidi publicar no blog também.
03 de janeiro de 2020
A promessa era passar “no máximo 1 hora por dia no celular” na nossa semana de folga. Por conta do trabalho dele e do meu blog, pensávamos que seria impossível ficar longe do celular. Mas queríamos colocar um limite no tempo que passaríamos online.
Isso foi até descobrir que nosso destino não tinha sinal de telefone, wi-fi ou coisa parecida. Escolhemos uma casinha em Lumiar, interior do Rio. Casinha mesmo. De uns 30 metros quadrados, apenas com o essencial.
Até mesmo por conta disso, abrigava o que mais precisávamos: descanso para corpo e mente. Já percebeu o quanto somos inundamos de estímulos? De todos os tipos. Sonoros, visuais, emocionais? A ideia era buscar refúgio disso tudo.

Menos é essencial
Nossa casinha era ideal. Não tinha barulho de buzina, de avião, de despertador. Não tinha outdoors, centenas de estranhos passando ao nosso lado, muito menos milhares de objetos nos cercando.
Do lado de dentro da casinha só um colchão, uma rede, uma varandinha, um tocador de vinil, um frigobar e um fogão à lenha.
Do lado de fora só verde e azul. Mato e céu para onde a gente olhava. Ah! Tinha algumas nuvens branquinhas também, que trouxeram um pé d’água duas vezes.

O impacto de não se fazer nada
Não tínhamos nada pra fazer. E isso era lindo. Os celulares foram usados pouquíssimas vezes, apenas como câmera. Só.
Aos pouquinhos ia tudo desacelerando. O tempo. Nossa mente.
Sem muitos estímulos nos sentíamos mais presentes. Nossa atenção não era dispersa. As coisas ganhavam a proporção que tinham.
E qualquer coisa era motivo de alegria. Aprender a lidar com o fogão a lenha virou a diversão de uma noite inteira. Minha avó deve ter se revirado no tumulo vendo a gente gastar uma hora para acender um fogo decente.

Todos precisamos desconectar
Quando voltamos à civilização, a sensação de relaxamento era incrível. E foi só o sinal de telefone voltar para reforçar na gente duas coisas.
A primeira é que ninguém é insubstituível. Tem muita gente que acha que não pode se dar nem um fim de semana de folga porque não pode se afastar da família, dos negócios, do emprego. Arrumando direitinho, dá sim. Se a gente morrer, o mundo continua a rodar.
A segunda é que perdemos muito tempo com coisa inútil. Especialmente no celular. Mas não só nele. Quanto tempo gasto com problemas que eu mesma inventei e que me afastam do que é importante?
Confesso que fiquei bem impactada. Quero usar essa experiência para reconsiderar boa parte do que ando fazendo. Pra isso, já comecei a buscar outras casinhas por aí sem conexão. E se não der pra viajar tanto quanto eu gostaria… não tem problema. Pelo menos meu celular vai ficar bem mais tempo no modo avião.

* * *
P.S. 1: Ainda na lógica de que não precisamos ir longe para ter paz, coloco aqui um trechinho do livro Meditações do imperador romano Marco Aurélio. Olha que lindeza!
“Os homens buscam retiros para si em casas no campo, na beira do mar, e nas montanhas; e tu também tens desejado intensamente estas coisas. Mas esta é a marca do tipo mais comum de homens; porque está em teu poder, sempre que quiseres, retirar-te para dentro de ti mesmo. O homem não pode retirar-se para nenhum lugar em que encontre mais paz ou esteja mais livre de problemas do que quando se retira para dentro de sua própria alma, especialmente quando ele tem dentro de si um tipo de pensamentos que, quando olha para eles, ele alcança imediatamente uma perfeita tranquilidade. E eu afirmo que a tranquilidade não é nada mais que a boa ordenação da mente”.
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Aqui no blog tem várias outras crônicas, resumos de livros que mexeram comigo, dicas de lugares (como esse aí, Lumiar!). Se quiser saber mais, coloca seu e-mail no mailling, acessa nossa página no face e meu insta @babilins. Vamos juntos descobrir que a vida e muito mais do que nascer, crescer, trabalhar e morrer.