Durante uma Oficina de Escrita Criativa, a professora pede para eu escrever sobre o medo de escrever. O resultado foi esse texto aí, que compartilho com você agora.
Eu não tenho medo de escrever. Aliás, escrever é uma das minhas terapias. Desde criança jogo tudo que me transborda no papel.
O que eu tenho medo é do estado de vulnerabilidade em que me coloco ao escrever. Em quase todo texto, tem sangue, tem carne, tem um pedaço meu que coloco no papel. E quando mais me entrego, mais fico suscetível a ser dilacerada, criticada ou ignorada.
Mas tem horas que a vontade de me tirar de mim é tão grande…
E volta e meia, o medo de viver uma vida de medo me dá mais medo do que o medo de me expor.
Vem uma vontade de me mostrar, de me dar, de me atirar… Aproveito esses lampejos de coragem para publicar algo mais pessoal.
Tem uma frase da minha psicóloga que eu odeio. Ela fala que eu só vou criar coragem pra fazer algo, fazendo. Odeio porque não me oferece uma saída fácil.
Mas é verdade… Cada vez que me exponho, vou querendo e tomando coragem de me mostrar um pouquinho mais. Aos poucos vou me desvelando.
Sonho com o dia em que ficarei nua. E que possa ir além.
Mas me questiono: E quando não restar nada? E quando não sobrar nem eu?
Talvez o medo que eu tenha é de saber que nunca existi.

Meus aparadores de sentimento
2 comentários
Quanta verdade! Parabéns. Eu não só a admiro, como acompanho o seu trabalho empoderador. Talvez eu seja um pouco mais insana. Não tenho muito medo da vulnerabilidade, pelo contrário, eu me sinto acolhida quando escrevo, mesmo que a crítica venha. Quando falo o que escrevo sinto que sou mais julgada. Foi assim que nasceu o Jeito Ângela de Ser. As pessoas queriam respostas para o meu comportamento, para as minhas atitudes e falas. Eu juro que eu não tinha respostas, até o dia em que, com Gêmeos gritando na minha Lua, a resposta afiada veio cortar o silêncio que sempre me acometia nessas horas, e eu disse: “ah, é o meu Jeito Ângela de Ser.!” E, desde então, descobri que eu poderia ser acolhida de uma forma poética, gostosa e assim eu poderia me despir de mais uma máscara, pois das roupas têxteis eu já me dispo há tempos. Beijos de luz nesse coração que não se ausenta das Descobertas Bárbaras.
Oi, Ângela!!! Lindeza demais ouvir seus relatos!!!! Já falei antes, mas repito aqui. Você tem aberto caminho para que mulheres como eu!