Se tem uma coisa que eu valorizo, é comer com as mãos. É quase erótico. Tem muita apalpada, texturas, jeitinhos e no final quase todo mundo acaba meio lambuzado.
É um daqueles hábitos que eu cultivo por todos os prazeres sensoriais que ele desperta. O envolvimento com a comida é outro! E se ela for suculenta então.. Sabe aquele cachorro quente com muito molho, aquela manga madura, waffles transbordando chocolate quente e sorvete, aqueles nachos cobertos de guacamole, sour cream ou frijoles??? Ah… muito amor!
O prazer é tão grande que influencia diretamente na escolha dos meus destinos. Italianos e Espanhóis gostam de pôr a mão em tudo. Não à toa são alguns países queridinhos.
Quando chegava cansada nos albergues do Caminho de Santiago de Compostela, a melhor coisa que podia fazer era me juntar ao outros peregrinos e seguir o ritual deles. Depois de acabar com a sopa do dia, pegar um pedaço de pão artesanal, limpar o prato com ele e depois leva-lo à boca.
Na Bélgica, os pães mergulhados na sopa de moluscos. No México, os nachos, tacos e burritos fartamente recheados. No japão, sushis e niguiris que são lindamente colocados inteiros na boca. Na Índia e na Tailândia, praticamente tudo.
Na tradição védica, costuma-se comer com as mãos. Eles acreditam que os cinco elementos canalizados por elas iniciam a transformação dos alimentos, fazendo com que cheguem à boca mais preparados para serem digeridos. E com certeza mais saudáveis. Por isso também se usa as mãos para preparar o alimento: amassar o pão, preparar um purê de batatas, rasgar as folhas das verduras.
Alias, acredito que comida bem feita tem que ter mão. Uma das coisas que mais amo fazer é massa. Sovar aquilo tudo para virar um pão, uma pizza ou qualquer outra delícia é terapêutico para mim. Parece papo de Hippie, mas enquanto eu vou cozinhando, vou colocando minhas intenções ali. Adoro! Fora que eu posso ir beliscando! Tem vezes que de tanto beliscar enquanto faço o prato, no final não tenho fome nenhuma. Beliscar enquanto os outros cozinham também é um hobby….
E tem outra coisa deliciosa de pôr a mão na comida e levá-la à boca. É que muitas vezes é uma ato de transgressão. Meu namorado brinca que não dá pra ir comigo para um restaurante requintado que eu esculhambo tudo. No último que a gente foi, ele pediu uma sangria e eu um drink que levava sorvete. Quando o álcool acabou. qual a primeira coisa que fiz? Peguei uma fatia de maçã da sangria dele e passei na espuma de sorvete do meu para levar à boca imediatamente. Que mistura divina!!!!! Que prazer aquela transgressão. É uma coisa meio errada, meio pecado, meio contraventora. Algo também que não se espera de uma boa moça.
Mas eu tô cada vez menos buscando este adjetivo. Quero mesmo é me deleitar! Por isso, é claro que os talhares sempre terão seu espaço na minha cozinha, mas sempre que posso dou um jeitinho de usar minhas mãos para deixar a vida bem mais saborosa!