Hoje quem assume o blog é o meu amigo Fábio Amato @amatomtb!!! Em dezembro, ele e um amigo decidiram dar uma volta, literalmente, pela Chapada dos Veadeiros de bicicleta. Foram 266 quilômetros em 4 dias. Curte aí as dicas para quem quer fazer uma cicloviagem!
Por Fábio Amato
Aproveitei uma folga do trabalho, no finalzinho de 2019, para colocar em prática um plano antigo: fazer uma cicloviagem pela Chapada dos Veadeiros.
Esse plano era compartilhado com um amigo ciclista de Brasília, Jader Vieira.
Ele já é experiente no assunto, já viajou de bicicleta por vários lugares do Brasil e do exterior. No meu caso, foi a primeira vez.

Eu sou acostumado a pedalar por longas distâncias e por várias horas seguidas. Mas sempre foi coisa de sair e voltar para casa no mesmo dia.
Dessa vez, ficaríamos quatro dias pedalando, o que exige uma preparação totalmente diferente.
A convite da Bárbara, vou contar aqui um pouco da experiência de dar uma volta de Chapada de Veadeiros de bicicleta e dar umas dicas para quem tá pensando em aderir às cicloviagens.
A bicicleta
É a parte fundamental dentro de um projeto de cicloviagem. Dá para viajar com qualquer bicicleta? Em tese, dá. Mas você precisa levar em consideração o tempo que vai ficar na estrada, o tipo de terreno que vai pegar e também o quanto de bagagem vai levar.
Não vou mentir para vocês. Em alguns momentos, a cicloviagem é muito desconfortável. Dói o pé, as costas, o traseiro…Por isso, se você vai ficar muito tempo na estrada pedalando, é recomendável tomar umas medidas para deixar a viagem mais confortável.

Existe um serviço chamado “bike fit”, em que a bike (banco, altura do canote, distância do guidão, tamanho do quadro) é ajustada ao ciclista. Ajuda a evita as dores e até lesões, especialmente nos joelhos. Se você tiver entre R$ 300 e R$ 500 para gastar – e usa a bike com frequência -, pode valer a pena.
Mas se você está acostumado a pedalar com sua bicicleta sem sentir muito desconforto mesmo depois de algumas horas sobre ela, dá para deixar o “bike fit” para lá.
Outro ponto a se levar em consideração: no caso de quebra, o socorro pode estar muito distante, o que pode comprometer o passeio.
Por isso, é importante que a bike esteja em boas condições. Levar para uma revisão antes da viagem é fundamental.
Voltando para o tipo de bike: na internet é possível encontrar grupos de discussão e muita dica bacana sobre cicloviagem. Mas, de maneira geral, o modelo mais indicado é a “mountain bike”, porque te permite rodar em qualquer tipo de terreno.
Nos últimos tempos, ganharam muito espaço as bicicletas do tipo “gravel”. São basicamente bikes de estrada (as tais “speed”), com algumas diferenças, como pneus, para permitir desenvolver melhor na terra. Elas são bem leves, mas não contam com suspensão, por exemplo, como as mountain bikes.
As malas
Mais uma vez, depende do tipo e do tempo de viagem. Por exemplo: se você vai pedalar em áreas urbanas densamente habitada, não pretende acampar e planejou comer em restaurante todo dia, uma mochilinha pequena nas costas pode ser o suficiente.
Em viagens mais longas, que podem contar com trechos desabitados e em que você pretenda fazer a própria comida, a coisa muda. Você vai precisar de um alforje ou de uma carretinha para transportar a tralha toda.

A carretinha vai em qualquer bike. Ela é normalmente fixada na roda traseira, de modo muito simples. Já os alforjes (aquelas malas que vão presas na lateral da bicicleta) precisam de suporte próprio, que vai no quadro da bike.
É importante verificar se o suporte aguenta a carga que você pretende levar. Senão, ele pode se quebrar e vai ser um problema.
Se você vai investir no alforje ou na carretinha, é interessante, se possível, já comprar impermeável.
A bagagem
Aqui, é ao gosto do freguês. Na viagem pela chapada, levamos comida para quatro dias. Macarrão, arroz, seleta de legumes, queijo, ovos, pão, biscoitos, geleia…Dá pra levar praticamente de tudo.
Também levamos muitos equipamentos de camping, porque dormimos em barracas e cozinhamos nossa própria comida. Então, botijão de gás (uns pequenos, usados em acampamento) um fogareiro, panelas, pratos e talheres (de plástico, nada de vidro).
No caso das roupas, levei basicamente as de ciclismo. Uma bermuda e uma camiseta para cada dia. Se você tiver como lavar e secar, dá para carregar até menos. Levei também uma camiseta de algodão e uma bermuda, mas só usei na hora de dormir mesmo.

Também estavam na bagagem produtos de higiene, como creme dental, xampu e sabonete. Eu tenho dificuldade para dormir sem tomar um banho, mas teve noite que não rolou.
Primeiro, porque pedalamos todos os dias até bem tarde da noite (entre 23h e meia-noite). Numa delas, tomamos uma baita chuva bem próximo ao ponto em que escolhemos acampar. Era do lado de um rio, mas já tinha rolado banho de chuva, então tudo certo!
Mas na última noite, não teve jeito: o cansaço pegou, estava muito tarde, e tivemos que acampar num ponto onde não havia água por perto. Como não teve chuva, só rolou aquela lavada no rosto mesmo.
Ferramentas são obrigatórias. Tanto para consertar a bicicleta quanto para uma urgência no dia a dia.
No primeiro dia da viagem, cruzamos com duas meninas que voltavam de passeio em uma cachoeira, entre São Jorge e Alto Paraíso (GO). Umas delas estava com o pneu furado, e elas estavam há um tempão buscando ajuda de alguém.
Socorremos as meninas que também estavam na Chapada dos Veadeiros de bicicleta e, na conversa, elas nos contaram que não sabiam nem como tirar o pneu da bike e tapar o furo na câmara de ar.

Então, se você não souber pelo menos o básico, só levar as ferramentas não vai ajudar.
Claro, se o problema for mais grave, só ferramenta e conhecimento não bastam. Por isso, é interessante levar também algumas peças de reposição. Só as mais básicas, como câmara e pneu reserva e cabo de aço para o freio ou o câmbio de marcha.
Como na nossa viagem passaríamos por trechos longos desabitados, levamos um kit para purificar água e até um pequeno painel solar, para recarregar a bateria de equipamentos como celular e farol da bike.
Abríamos o painel solar sobre os alforjes durante o dia, e ele fazia o resto do trabalho.
No total, cada um levou mais ou menos 20 quilos de bagagem. Parece pouco? Espera até chegar uma ladeira para você ver! A coxa vai queimar de tanto fazer força!

O peso da bike muda totalmente o pedal. O deslocamento é mais lento. O suporte dos alforjes pode se quebrar se, em velocidade mais alta, você pegar um buraco ou um trecho que vai fazer a bike trepidar muito. O tempo de reação da bicicleta também muda, então é preciso mais cuidado para não levar aquele tombo.
Mas, lembre-se: a proposta da cicloviagem é desacelerar.
Ela te permite uma interação totalmente diferente com os lugares e as pessoas por onde você vai passar.
Chapada dos Veadeiros de bicicleta
Como não dá para levar 200 litros de água, invariavelmente você vai ter que parar naquela casinha para pedir. A pessoa abre aquele sorrisão, traz água geladinha, rola aquele papo, dicas de lugares diferentes que estão no caminho, mas fora do roteiro…Quando você vê, já fez uma nova grande amizade!
Aliás, a todo momento a gente era abordado por pessoas interessadas em papear sobre a nossa aventura e pelas bikes todas equipadas. Aonde a gente chegava, era sempre muito bem recebido.

Por causa disso, ouvimos histórias fascinantes.
Uma delas, quando chegamos ao povoado de Rio Preto, ente Colinas do Sul e Cavalcante (GO). Para chegar lá, a gente atravessa uma ponte de ferro sobre o rio que batiza a vila. Era uma ponte nova, e uma senhora nos contou que ela só foi construída depois que os moradores botaram fogo na antiga, de maneira.
A ponte de madeira estava condenada há tempos, mas nada das autoridades se mexerem para socorrer a comunidade, formada por gente muito simples. Um dia, depois de vários incidentes graves mas não trágicos, veio o que todo mundo temia: uma pessoa morreu ao cair da ponte.
Foi o limite. O fogo destruiu a ponte de madeira, e algumas pessoas da região, junto com o poder público, se juntaram para fazer a ponte nova.
O rio Preto é lindo e, ao contrário do que normalmente você encontra na chapada dos veadeiros, a água não é fria. Chegamos meio-dia, com um sol escaldante, e a ideia era parar apenas para almoço. Mas estava tão bom ali nadando no rio, papeando com as pessoas, que a gente acabou voltando para estrada um pouco antes de escurecer.
Viajar pela Chapada dos Veadeiros de bicicleta também permite a contemplação. Sem pressa, em velocidade mais lenta, você consegue enxergar os detalhes. Aquele riozinho ou aquele paisagem, que talvez passassem desapercebidas dentro do carro ou da moto, vão ficar evidentes e vão chamar a atenção.

Para quem gosta de aventura e não tem medo de uns perrengues, é uma maneira muito divertida, prazerosa – e barata – de viajar. Já tínhamos todos os equipamentos. Então, gasto mesmo, só com a comida. Uns R$ 100 para cada um.
Para mais informações, só procurar o Fábio no insta @amatomtb
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4 comentários
legal as informações, mas gostaria de perguntar mais sobre o uso da carretinha, como foi a sua experiência de uso …. eu estou aí em um projeto de viajar de bike, hoje não quero me preocupar em ter uma outra bike para fazer viagem, quero continuar com a minha, e a única opção é uma carretinha por que minha bike é de carbono, já tenho ela faz sete anos, está sempre bem cuidada e não me deixa na mão até por que eu sou mais no estilo cicloturista, fico no aguardo de algumas informações e parabéns pela matéria novamente.
Obs: A ideia é fazer América do sul, de onde eu estou Canoinhas/SC é subir (mapa) o Brasil, pegando o meio do país, e depois costeando o nordeste até Natal, pego um avião até Barranquilla e vou margeando a costa do pacifico até o Chile, Carretera Austral e Ushuaia, depois volto para casa …. Não há data definida, mas seria seria para meados de janeiro de 2023.
Ederson!!! Já tô morrendo de inveja de você. Que aventura incrível. Vou passar sua mensagem para o Fábio, que foi quem escreveu o post. O email dele é o fabio.amato79@gmail.com Sucesso!
olá, vc tem o track log de gps? pode passar? grato
Verei!!!